- Carlos Resende
- 23 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Já conversamos sobre a conveniência de comprar à vista com cartão ou com dinheiro. Hoje, consideramos a tomada de decisão sobre possuir e usar um Cartão de Crédito
Para isso, leve em conta as suas necessidades, seu perfil de gastos e sua avaliação dos benefícios em relação aos custos envolvidos.
O uso do cartão proporciona facilidades, dentre as quais podemos destacar:
- controle eficiente dos gastos; os melhores emissores fornecem bons aplicativos para celular que permitem acompanhar, por exemplo, cada gasto e o limite restante
- prazo de até 40 dias para o pagamento (para saber o prazo que terá, considere a data de vencimento de sua fatura e a data informada por seu banco para encerramento do ciclo de cobrança naquele mês; encerrado o ciclo, novas compras virão somente na fatura do próximo mês).
- facilidade de uso e ampla aceitação, no país e no exterior
- vários emissores oferecem possibilidade de alerta de compras via aplicativo ou SMS, poderosa ferramenta de controle de gastos e de prevenção de eventuais fraudes
- possibilidade de contratação de seguro para perda e roubo (tem custo adicional)
- benefícios adicionais (exemplos abaixo) que podem ser ofertados pelo emissor ou pela bandeira
Por outro lado, há situações que devem ser avaliadas:
- a grande maioria dos cartões cobra anuidade; nossa dica é buscar negociar com seu emissor a redução ou isenção dessa anuidade ou mesmo buscar outros emissores, que ofereçam melhor relação custo / benefício
- a legislação permite a prática de preços diferenciados para pagamento com cartão; é preciso avaliar a cada compra
- a facilidade de uso pode induzir às compras por impulso, que podem trazer dificuldades financeiras inesperadas. Planeje sempre suas compras com antecedência
- em caso de inadimplência (não pagamento no vencimento), incidem juros a taxas muito altas; sugerimos cadastrar o cartão por débito em conta para garantir a pontualidade
Uma forte recomendação para quem se decida a usar o cartão: conheça as vantagens oferecidas por seu emissor, por seu cartão e por sua bandeira. A maioria dos cartões e das bandeiras as divulga na internet. Eles podem ser valiosos. Veja alguns exemplos que já experimentamos:
- pague a locação de um carro com cartão e ganhe o seguro gratuito (vale também em viagens internacionais)
- pague as passagens aéreas para a Europa com o cartão e ganhe o Certificado Schengen (exigido para todo visitante da Europa, tem custo aproximado de R$400,00)
- acompanhe sempre a pontuação (fidelidade) gerada pelas compras feitas com cartão e aproveite essa pontuação na troca por diversos benefícios, inclusive passagens aéreas e reserva de hotéis.
Outro aspecto que merece atenção é a aquisição de uma bandeira com atuação nacional ou internacional, visto que o primeiro é - em geral - bem mais barato que o internacional. Assim, se tiver opção, você pode preferir o cartão de atuação nacional, exceto se tem planos de viajar para o exterior ou de fazer compras em sites localizados no exterior.
Além disso, sugerimos alguns cuidados que têm se mostrado importantes:
- conferir os gastos a curtos períodos de tempo (no máximo semanalmente), com atenção especial para eventuais taxas e para compras não reconhecidas
- realizar sempre o pagamento integral das compras do mês; fuja da tentação do parcelamento, que custa caro (juros) e pode trazer sérias dificuldades à frente (prefira juntar o dinheiro para compras de maior vulto)
- fuja da tentação de acumular muitos cartões; embora possam dar status e certa flexibilidade, podem levar você a gastar mais do que poderia e a se meter em dificuldades
- fique atento para a chegada de cartões não solicitados em sua casa; é prática proibida; notifique imediatamente o emissor ou o órgão de defesa do consumidor, se a prática persistir
- fuja da venda casada; não aceite ser obrigado a comprar um produto para ter acesso a outro
É apenas uma visão geral do tema, com o objetivo de lhe ajudar a pensar sobre o tema. Se tiver dúvidas ou contribuições, "fale conosco"!
- Carlos Resende
- 23 de set. de 2020
- 4 min de leitura
Esta dúvida é muito comum e a resposta, para variar, não é das mais simples. É preciso considerar o perfil do investidor (conservador, moderado, agressivo), seus objetivos (em termos de prazos, rentabilidade, liquidez, segurança) e os produtos disponíveis, conforme já discutimos anteriormente.
Para ajudar a pensar no tema, destacamos abaixo alguns pontos que consideramos favoráveis ou não em cada um dos produtos, para que você possa avalia-los e tomar a decisão mais adequada segundo seus interesses, seu perfil e seus objetivos.
Para os objetivos deste estudo, não estamos tratando do PGBL, que será abordado posteriormente.
1. Previdência Privada (VGBL)
A – Aspectos favoráveis do VGBL
- não sofre o come-cotas do Imposto de Renda em maio e novembro; portanto, tende a ter maior rentabilidade no longo prazo (efeito dos "juros sobre juros")
- permite o planejamento sucessório: em caso de falta do cliente, seus herdeiros conseguem sacar a aplicação sem trânsito pelo inventário, o que é sempre muito bem vindo nesta hora
- com a opção pela tributação regressiva definitiva, aplicações com mais de dez anos são tributadas em apenas 10% dos rendimentos – menor alíquota de IR sobre aplicações financeiras
- possibilidade de diversificação: em geral, os produtos são estruturados para ser fundos de investimento em cotas de fundos de investimento (FIC-FI); com isso, é possível mixar aplicações em renda fixa com aplicações em renda variável em diversas proporções
- permite agregar opção por seguro de vida e pecúlio
B – Aspectos desfavoráveis do VGBL
- caso precise de sacar os recursos em poucos anos, o aplicador deve verificar se sua aplicação não está sujeita a taxa de saída (taxa de carregamento)
- alguns produtos estão sujeitos a taxa de carregamento (cobrada no momento da aplicação) – o que deve ser conferido com seu agente financeiro
- não possui garantia do FGC – fundo garantidor de créditos (tem apenas a garantia da instituição financeira)
- os produtos VGBL são sujeitos a taxas de administração, em geral aplicadas em proporção inversa ao valor aplicado (devido ao custo operacional); assim, o pequeno poupador acaba sendo bastante penalizado em sua rentabilidade
- caso precise sacar os recursos em poucos anos, devido à tributação regressiva definitiva, a mordida do Leão será muito vigorosa; o Imposto de Renda incide à alíquota de 35% dos rendimentos (até 2 anos), baixando para 30% de 2 a 4 anos, e assim por diante (reduzindo-se em 5% a cada dois anos, até 10%, a partir de 10 anos da aplicação).
- é preciso esperar um prazo médio de 15 dias para recebimento de eventuais resgates de aplicação
- a maioria dos fundos de renda fixa não têm proteção contra a inflação, podendo estar sujeitos a perdas em momentos de aceleração inflacionária
- devido à marcação a mercado, no caso dos fundos de renda fixa que tenham papéis com taxas pré-fixadas em sua carteira podem sofrer oscilações nas alterações da Meta Selic pelo Copom / Banco Central.
2. Tesouro Direto
A – Aspectos favoráveis do Tesouro Direto
- não sofre o come-cotas do Imposto de Renda em maio e novembro; portanto, tende a ter maior rentabilidade no longo prazo (efeito dos "juros sobre juros")
- no Tesouro Direto com NTN-B, há proteção contra a inflação (muito interessante para uma aplicação de longo prazo) – o aplicador recebe uma taxa de juros mais a correção pelo IPCA
- é o ativo mais seguro do mercado, garantido pelo Tesouro Nacional
- tem liquidez diária; permite saque a qualquer momento e o crédito é imediato
- pela liquidez imediata, acaba gerando maior portabilidade (facilidade para mudança de modalidade - pós – Selic, pré-fixado ou inflação - ou para mudança de produto de aplicação)
- dependendo do Banco ou Corretora escolhida, a taxa de administração pode ser zerada; neste caso, o investidor que optar por abrir uma conta em corretora deve colocar na ponta do lápis quanto seu Banco vai lhe cobrar pelas TED para a corretora (para enviar os recursos a ser aplicados) e esse valor deve ser considerado com redução de seu rendimento final
- é acessível a qualquer investidor, com valores a partir de R$30,00
B – Aspectos desfavoráveis do Tesouro Direto
- em caso de falecimento, o saldo aplicado tem que transitar pelo inventário
- a menor alíquota possível de imposto de renda é 15%, para aplicações superiores a dois anos
- todas as aplicações estão sujeitas a uma taxa de corretagem da Bolsa, de 0,3% ao ano
- como é um produto sujeito a marcação a mercado, o investidor pode ter perdas se realizar um saque antes do vencimento em um momento de alteração da taxa de juros da economia – no caso de aumento da taxa Selic, o valor presente do título vai ser reajustado para baixo, para que a rentabilidade do título se adapte ao novo cenário de juros da economia
- no caso do produto corrigido pela inflação, pode apresentar rentabilidade menor que os produtos de renda fixa em meses de inflação muito baixa
Para ajudar a pensar na parte financeira, veja as simulações a seguir:
a) Um valor de R$1.000,00 aplicado em 02.01.2010, sem considerar quaisquer taxas ou impostos e sem qualquer saque intermediário, geraria em 31/08/2017 um valor bruto de:
a.1 – R$2.376,14 no Tesouro Direto, com IPCA + 5% ao ano
a.2 – R$2.197,96 no VGBL com rendimento igual ao CDI, na mesma data
Ou seja, o Tesouro Direto teria 7,5% de ganho sobre o VGBL
Aqui, importante lembrar que em caso de resgate o Tesouro Direto seria tributado em 15% do rendimento e o VGBL seria tributado também em 15% sobre o rendimento.
b) O mesmo valor de R$1.000,00 aplicado em 02.01.2015, nas mesmas condições do exercício anterior, daria hoje:
b.1 – no Tesouro Direto, R$1.383,79
b.2 – no VGBL, R$1.384,44
Aqui temos uma diferença de R$0,65 em favor do VGBL.
Neste caso, a tributação do Tesouro Direto para resgate seria de 15% do rendimento e a do VGBL seria de 30% dos rendimentos.
Espero que as reflexões ajudem em suas decisões... Se tiver dúvidas, não hesite! Fale conosco!
- Carlos Resende
- 23 de set. de 2020
- 4 min de leitura
No título, falamos de "Cheque Especial", mas no texto vamos tratar como "conta especial", pois há várias contas sem uso de cheque e que podem ter limite de crédito implantado.
A conta especial é uma solução financeira desenvolvida no Brasil e amplamente difundida. É um produto que vale a pena possuir (dá segurança em eventualidades), mas que em poucas situações vale a pena usar.
Com base no Crédito que o cliente desfruta junto ao Banco, este lhe disponibiliza um limite em sua conta corrente para utilização sem aviso e sem solicitação. Para usar o crédito, basta efetuar qualquer saque na conta que ultrapasse o saldo existente, até o limite autorizado. Para pagar o débito, é só depositar o valor em conta, tornando seu saldo positivo (neste caso, cuidado com o valor dos juros e imposto anotados, para que seu débito não gere novo empréstimo).
Nessa facilidade de uso, no entanto, mora o perigo! O custo (juros) desta linha é um dos maiores entre as linhas de empréstimos no Brasil (é uma operação de maior risco para o Banco e exige que os recursos – mesmo se não utilizados - fiquem à disposição do cliente sem remuneração para o Banco).
Há também o custo adicional do IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros, também conhecido como Imposto sobre Operações Financeiras), que é cobrado de pessoas físicas com duas alíquotas:
- 0,0082% ao dia, incidentes sobre o saldo devedor do final de cada dia
- 0,38% complementares por evento, incidentes sobre cada valor adicional do limite que é usado
Como exemplo, apresentamos uma simulação de movimentação de uma conta:
* Dia 1: usou R$1.000 do limite (passou a dever R$1.000)
Incide 0,0082% sobre R$1.000 (R$0,082)
Incide 0,38% sobre R$1.000 (R$3,80)
* Dia 2: usou R$3.000 do limite (passou a dever R$4.000)
Incide 0,0082% sobre R$4.000 (R$0,328)
= 4.000 é o total do saldo devedor diário
Incide 0,38% sobre R$3.000 (R$11,40)
= 3.000 é o valor adicional usado no dia (em relação ao saldo anterior)
* Dia 3: pagou R$2.000 do limite (passou a dever R$2.000)
Incide 0,0082% sobre R$2.000 (R$0,164)
Não há IOF de 0,38% (não houve aumento do limite)
* Dia 4: fez um saque e um depósito de R$1.000 (saldo devedor ficou em R$2.000)
Incide 0,0082% sobre R$2.000 (R$0,164)
Não há IOF de 0,38% (não houve aumento do limite)
* Dia 5: usou R$1.000 do limite (passou a dever R$3.000)
Incide 0,0082% sobre R$3.000 (R$0,246)
Incide 0,38% sobre R$1.000 (R$3,80)
= 1.000 é o valor adicional usado no dia
* Dia 6: depositou R$3.000 (saldo devedor quitado)
Não há IOF nesta data
- O cálculo é assim efetuado todos os dias e – exceto em situações específicas – o débito do IOF calculado (do dia 01 até o último dia do mês) é feito no primeiro dia útil do mês seguinte.
Vejamos então algumas dicas para o uso correto e consciente da conta especial:
1. Ajuste com o Banco um limite adequado às suas necessidades e conforme à sua capacidade financeira. Por exemplo, com uma renda mensal de R$3.000, parece temerário querer uma conta especial de R$10.000; se usar todo o limite, pode entrar logo em dificuldades. Portanto, sugerimos abrir mão de um limite acima do que seria recomendável para sua realidade!
2. Pense nela como uma ponte; você a usa para transpor uma barreira, mas não para morar em cima. Use apenas em necessidades pontuais ou em emergências. Ex.: uma obrigação vence hoje (a prestação da casa ou do carro, o aluguel) e o salário chega amanhã
3. No momento em que usar, defina (e cumpra) um prazo máximo para zerá-la. Se não tiver como depositar no curto prazo, contrate um empréstimo pessoal, que costuma ficar bem mais barato.
4. Evite a espiral do endividamento: todo mês, ficar devendo um pouco na conta especial e ter que contratar um empréstimo para cobrir não é bom sinal... Se você teve que recorrer à conta especial por meses seguidos, avalie imediatamente:
a) se tem como ajustar suas datas de pagamento de acordo com suas rendas
b) fazer um corte nas suas despesas, até que consiga melhorar sua renda.
5. Confira diariamente seu extrato bancário. Hoje, com o acesso à conta via internet e via celular, dá para acompanhar sempre as últimas movimentações sem custos. Muito cuidado com a informação do seu extrato: busque identificar claramente o seu saldo efetivo. Em geral, o "saldo disponível" considera o limite da conta especial (o que pode induzir você a pensar que pode ser utilizado à vontade).
6. Alguns bancos oferecem modalidades com "dez dias sem juros". Se for usar essa modalidade, atenção para alguns detalhes:
- não se iluda com o uso do empréstimo, mesmo sem juros; use o mínimo indispensável, porque você terá que alocar recursos para pagá-lo
- não deixe passar dos dez dias corridos, senão você corre o risco de pagar juros retroativos desde o primeiro dia (estude bem as cláusulas)
- o IOF é devido a cada dia de saldo devedor; considere isso!
7. O limite é o máximo onde você pode chegar. Não caia na tentação de gastar além dele, pois isso gera tarifas (adiantamento a depositantes), juros muito mais caros e prejudica seu cadastro junto ao Banco.
8. Sempre que possível, prefira o uso do débito automático, da movimentação eletrônica e do cartão (débito ou crédito) ao cheque, pois haverá sempre incerteza sobre a data de cobrança do cheque; se o controle não for perfeito, pode chegar numa hora inesperada e gerar despesas desnecessárias.
9. No período em que estiver usando a conta especial, avalie se vale a pena fazer um depósito hoje para sacar amanhã. Compare o custo dos juros com o custo do IOF (pode não valer a pena). Como exemplo, se os juros de sua conta especial forem de 8% ao mês, os juros de um dia em R$1.000 são de R$3,62 e o IOF é de R$3,80!
Dúvidas? Fale conosco!!!