- Carlos Resende
- 23 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Olá!
Na última postagem, analisamos algumas decisões a tomar sobre investimentos. Hoje, vamos discutir função e características da "Avaliação de Perfil do Investidor" (API).
A API foi criada para atender a determinação normativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que buscava, dentre outros: - exigir a verificação da adequação dos produtos e serviços ao perfil do cliente - reduzir a assimetria de informações (os agentes financeiros costumam ter muito mais informações que nós, enquanto pessoas físicas) e os conflitos de interesses (buscar a melhor aplicação para o investidor ou para o agente financeiro?). - proteger os investidores menos sofisticados de riscos de informação, de riscos financeiros (perdas), além de fraudes, abusos ou vendas mal feitas.
A definição de perfil deve identificar os objetivos de investimento do cliente, sua situação financeira e seus conhecimentos sobre os riscos de produtos ou serviços a ser adquiridos.
A Instrução 539/13 da CVM define que devem ser observados no mínimo: - objetivos do investimento: o período em que o cliente deseja manter o investimento; as preferências declaradas pelo cliente quanto à assunção de riscos; as finalidades do investimento (preservar patrimônio, formar reserva, diversificar, aumentar a renda, etc) - situação financeira do cliente: valor de suas receitas regulares declaradas; valores e ativos que compõem seu patrimônio; sua necessidade futura de recursos - conhecimento do cliente quanto ao mercado e aos produtos: tipos de produtos, serviços e operações com os quais o cliente tem familiaridade; natureza, volume e frequência das operações já realizadas pelo cliente, bem como o período em que tais operações foram realizadas; formação acadêmica e experiência profissional.
Os questionários não são idênticos em todos os agentes financeiros e podem sofrer alterações. Para preencher ou revisar sua análise de perfil, acesse seu banco ou corretora pela internet e dê as respostas mais exatas possíveis. Terminadas as respostas, o próprio site do agente lhe retornará o perfil apurado para você. Em geral, o cliente de varejo pode ser classificado em conservador, moderado ou agressivo, podendo haver classificações intermediárias.
- De modo geral, o cliente conservador tem aversão a risco. Busca preservar seu patrimônio e obter retornos com menor risco.
- O cliente moderado aceita um nível determinado de riscos, pelos quais possa obter melhor rentabilidade. A tendência neste caso é aplicar de forma diversificada, mesclando aplicações mais arriscadas com outras mais protegidas.
- Já o cliente agressivo tem seu foco na rentabilidade, ainda que corra maiores riscos. É o público mais típico para operações de renda variável, como ações.
Ao mesmo tempo, o agente financeiro deve classificar suas opções de investimento em uma das categorias (conservador, moderado ou agressivo), de modo que haja uma indicação geral de produtos adequados aos diversos perfis de clientes.
Você não fica proibido de fazer aplicações indicadas para outros perfis, mas – neste caso – deve assinar um documento para o agente financeiro, declarando-se ciente da divergência de perfil e assumindo os riscos da escolha. A regra fundamental do investimento financeiro é a seguinte: a decisão final é do cliente (nunca deixe que outros tomem a decisão por você!).
Então, a API é uma ferramenta que nos ajuda a orientar nossas decisões de investimento, conforme falamos nos blogs anteriores. Ela nos ajuda a pensar sobre nossas condições, convicções e necessidades, permitindo-nos fazer a escolha mais adequada entre a rentabilidade, a segurança e a liquidez dos investimentos. Use-a sempre!
Ficaram dúvidas? Fale conosco!
Informação importante: o foco deste site é nas finanças pessoais. Assim, não trazemos informações dedicadas aos investidores profissionais e aos investidores qualificados.
Fontes:
- Comissão de Valores Mobiliários - CVM, especialmente instrução 53913.
- Carlos Resende
- 23 de set. de 2020
- 2 min de leitura
Olá!
Em 06/09/2017, o Copom reduziu a taxa Selic em um ponto percentual, para 8,25% ao ano.
Veja alguns efeitos importantes desta medida:
* a remuneração da poupança será reduzida. O cálculo do rendimento passa a considerar 70% da Selic mais a variação da TR.
Esta regra é ativada toda vez que a Selic fica igual ou inferior a 8,5%. Ela foi criada para evitar que a poupança se tornasse extremamente atraente e sugasse os recursos aplicados no mercado financeiro.
A título de exemplo, se considerarmos uma TR diária hipotética de 0,02% (índice que só foi superado em três dias de agosto de 2017) a remuneração da poupança seria de 0,489%!
Mesmo com remuneração mais baixa, é importante que o investidor (principalmente o pequeno) avalie bem suas decisões, pois a poupança ainda pode superar a rentabilidade de alguns fundos (especialmente os que têm taxa de administração mais alta).
* as aplicações vinculadas à variação do CDI/DI e da Selic passarão a render imediatamente no novo patamar definido, abaixo do que vinham rendendo até agora.
* aplicações pré-fixadas (que podem existir inclusive como parte das aplicações de um fundo de investimentos) tendem a apresentar um pico de rentabilidade neste momento (devido à "marcação a mercado", o valor do papel é atualizado para um cenário de juros menores à frente).
* há uma tendência de redução dos juros dos empréstimos. Mas não se iluda: são sempre bem maiores que os juros das aplicações. Antes de contratar, avalie com bastante cuidado suas necessidades e as condições para não se arrepender!
* no cenário que se indica no momento (juros mais baixos), aqueles investidores que desejam buscar maior rentabilidade devem analisar seu portfólio de aplicação e avaliar a possibilidade de correr mais risco para tentar ganhar mais (ações, fundos multimercados, títulos de dívida privados – como as debêntures).
Este é o cenário do momento! Fique atento e bons negócios!
- Carlos Resende
- 23 de set. de 2020
- 2 min de leitura
Na última publicação, conversamos sobre o tripé de rentabilidade, liquidez e segurança que permeia todas as nossas decisões de investimento financeiro.
Seguindo, vamos conversar sobre as condições pessoais, convicções e necessidades do investidor. No processo de planejamento do investimento, avaliar bem essas questões é a base para tomar decisões acertadas.
Para ajudar nessa avaliação, acompanhe conosco algumas considerações.
Pense sobre sua idade e condições atuais. Você já está estabilizado ou ainda está construindo seu patrimônio? Em geral, uma pessoa mais jovem pode arriscar mais em busca de maior rendimento: se errar um investimento e perder muito dinheiro tem chances de recomeçar, mas uma pessoa já nos seus sessenta anos talvez não tenha a mesma facilidade ou a mesma disposição. Como você se define? Você avaliará o risco que está disposto a correr.
Considere o tempo pelo qual pretende deixar seu dinheiro aplicado. Considere, por exemplo:
- quais são os seus projetos? Quer proteger seu dinheiro enquanto acumula para realizar um sonho? Comprar um carro ou uma casa? Fazer aquela linda viagem no próximo ano? Ou construir uma reserva para sua aposentadoria? Muitos buscam estruturar sua independência financeira, buscando aplicar bem seu dinheiro para fazê-lo render a seu favor.
- há eventuais despesas extraordinárias futuras (um intercâmbio de seu filho no exterior, uma formatura do colégio...) em vista? Como pretende pagá-las?
Pense sobre a diversificação: planeje suas aplicações para evitar que fique tudo num lugar só, especialmente se for um investimento que dificulte saques no curto prazo. Imprevistos podem acontecer e – se não estiver preparado – você pode ter que recorrer a empréstimos caros ou compras parceladas com juros, mesmo tendo recursos investidos.
Uma dica muito forte é deixar uma parte de seu dinheiro em aplicações líquidas, que não tenham prazo de carência: quanto reservar no curto prazo e deixar numa aplicação mais segura, ainda que menos rentável? Cada um(a) de nós tem que definir suas regras pessoais. Eu gosto de ter pelo menos três ou quatro meses de renda mensal ou de salário como reserva de segurança.
Além de mitigar seus riscos quanto a prazos, a diversificação vai lhe permitir buscar maior rentabilidade em uma parte dos recursos, protegendo o restante.
Avalie também qual é seu conhecimento do mercado e dos produtos financeiros. Estude, pesquise, leia a respeito e não tome decisões sem ter muita clareza do que está comprando. Dedique atenção especial a compreender a forma de tributação a que estará sujeito. Mais adiante, buscaremos uma visão geral das características dos principais produtos disponíveis, que ajudará a aprofundar esse tema.
Busque observar o momento certo de iniciar uma aplicação financeira específica, de mudar de produto de aplicação ou de sacar seus recursos. Por exemplo, um momento de forte movimento de alta da bolsa pode não ser o melhor momento para comprar ações: a Bolsa é cíclica e poderá sofrer queda no curto prazo.
Veja que até agora não falamos ainda de taxas e de condições da aplicação. E é assim mesmo. Planeje antes com cuidado para depois sair para o mercado.
Na próxima postagem, apresentaremos a "Análise de Perfil do Investidor", ferramenta que auxilia na avaliação de seu perfil e na indicação dos tipos de produtos mais adequados a esse perfil.
Até breve!