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Uma reserva para o futuro... VGBL ou Tesouro Direto?

  • Carlos Resende
  • 23 de set. de 2020
  • 4 min de leitura

Esta dúvida é muito comum e a resposta, para variar, não é das mais simples. É preciso considerar o perfil do investidor (conservador, moderado, agressivo), seus objetivos (em termos de prazos, rentabilidade, liquidez, segurança) e os produtos disponíveis, conforme já discutimos anteriormente.


Para ajudar a pensar no tema, destacamos abaixo alguns pontos que consideramos favoráveis ou não em cada um dos produtos, para que você possa avalia-los e tomar a decisão mais adequada segundo seus interesses, seu perfil e seus objetivos.


Para os objetivos deste estudo, não estamos tratando do PGBL, que será abordado posteriormente.


1. Previdência Privada (VGBL)


A – Aspectos favoráveis do VGBL


- não sofre o come-cotas do Imposto de Renda em maio e novembro; portanto, tende a ter maior rentabilidade no longo prazo (efeito dos "juros sobre juros")

- permite o planejamento sucessório: em caso de falta do cliente, seus herdeiros conseguem sacar a aplicação sem trânsito pelo inventário, o que é sempre muito bem vindo nesta hora

- com a opção pela tributação regressiva definitiva, aplicações com mais de dez anos são tributadas em apenas 10% dos rendimentos – menor alíquota de IR sobre aplicações financeiras

- possibilidade de diversificação: em geral, os produtos são estruturados para ser fundos de investimento em cotas de fundos de investimento (FIC-FI); com isso, é possível mixar aplicações em renda fixa com aplicações em renda variável em diversas proporções

- permite agregar opção por seguro de vida e pecúlio


B – Aspectos desfavoráveis do VGBL


- caso precise de sacar os recursos em poucos anos, o aplicador deve verificar se sua aplicação não está sujeita a taxa de saída (taxa de carregamento)

- alguns produtos estão sujeitos a taxa de carregamento (cobrada no momento da aplicação) – o que deve ser conferido com seu agente financeiro

- não possui garantia do FGC – fundo garantidor de créditos (tem apenas a garantia da instituição financeira)

- os produtos VGBL são sujeitos a taxas de administração, em geral aplicadas em proporção inversa ao valor aplicado (devido ao custo operacional); assim, o pequeno poupador acaba sendo bastante penalizado em sua rentabilidade

- caso precise sacar os recursos em poucos anos, devido à tributação regressiva definitiva, a mordida do Leão será muito vigorosa; o Imposto de Renda incide à alíquota de 35% dos rendimentos (até 2 anos), baixando para 30% de 2 a 4 anos, e assim por diante (reduzindo-se em 5% a cada dois anos, até 10%, a partir de 10 anos da aplicação).

- é preciso esperar um prazo médio de 15 dias para recebimento de eventuais resgates de aplicação

- a maioria dos fundos de renda fixa não têm proteção contra a inflação, podendo estar sujeitos a perdas em momentos de aceleração inflacionária

- devido à marcação a mercado, no caso dos fundos de renda fixa que tenham papéis com taxas pré-fixadas em sua carteira podem sofrer oscilações nas alterações da Meta Selic pelo Copom / Banco Central.


2. Tesouro Direto


A – Aspectos favoráveis do Tesouro Direto


- não sofre o come-cotas do Imposto de Renda em maio e novembro; portanto, tende a ter maior rentabilidade no longo prazo (efeito dos "juros sobre juros")

- no Tesouro Direto com NTN-B, há proteção contra a inflação (muito interessante para uma aplicação de longo prazo) – o aplicador recebe uma taxa de juros mais a correção pelo IPCA

- é o ativo mais seguro do mercado, garantido pelo Tesouro Nacional

- tem liquidez diária; permite saque a qualquer momento e o crédito é imediato

- pela liquidez imediata, acaba gerando maior portabilidade (facilidade para mudança de modalidade - pós – Selic, pré-fixado ou inflação - ou para mudança de produto de aplicação)

- dependendo do Banco ou Corretora escolhida, a taxa de administração pode ser zerada; neste caso, o investidor que optar por abrir uma conta em corretora deve colocar na ponta do lápis quanto seu Banco vai lhe cobrar pelas TED para a corretora (para enviar os recursos a ser aplicados) e esse valor deve ser considerado com redução de seu rendimento final

- é acessível a qualquer investidor, com valores a partir de R$30,00


B – Aspectos desfavoráveis do Tesouro Direto


- em caso de falecimento, o saldo aplicado tem que transitar pelo inventário

- a menor alíquota possível de imposto de renda é 15%, para aplicações superiores a dois anos

- todas as aplicações estão sujeitas a uma taxa de corretagem da Bolsa, de 0,3% ao ano

- como é um produto sujeito a marcação a mercado, o investidor pode ter perdas se realizar um saque antes do vencimento em um momento de alteração da taxa de juros da economia – no caso de aumento da taxa Selic, o valor presente do título vai ser reajustado para baixo, para que a rentabilidade do título se adapte ao novo cenário de juros da economia

- no caso do produto corrigido pela inflação, pode apresentar rentabilidade menor que os produtos de renda fixa em meses de inflação muito baixa


Para ajudar a pensar na parte financeira, veja as simulações a seguir:


a) Um valor de R$1.000,00 aplicado em 02.01.2010, sem considerar quaisquer taxas ou impostos e sem qualquer saque intermediário, geraria em 31/08/2017 um valor bruto de:

a.1 – R$2.376,14 no Tesouro Direto, com IPCA + 5% ao ano

a.2 – R$2.197,96 no VGBL com rendimento igual ao CDI, na mesma data

Ou seja, o Tesouro Direto teria 7,5% de ganho sobre o VGBL

Aqui, importante lembrar que em caso de resgate o Tesouro Direto seria tributado em 15% do rendimento e o VGBL seria tributado também em 15% sobre o rendimento.


b) O mesmo valor de R$1.000,00 aplicado em 02.01.2015, nas mesmas condições do exercício anterior, daria hoje:

b.1 – no Tesouro Direto, R$1.383,79

b.2 – no VGBL, R$1.384,44

Aqui temos uma diferença de R$0,65 em favor do VGBL.

Neste caso, a tributação do Tesouro Direto para resgate seria de 15% do rendimento e a do VGBL seria de 30% dos rendimentos.


Espero que as reflexões ajudem em suas decisões... Se tiver dúvidas, não hesite! Fale conosco!


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